[weglot_switcher]

“A primeira vez que chamei um Uber, foi como magia”, diz novo diretor-geral do Uber Eats para o Sul da Europa

O antigo líder da Uber da Península Ibérica, explicou-nos como foi ter “o destino da Uber Portugal nas mãos”. Os desafios iniciais foram superados mas o futuro próximo trará outros. E, sem querer especular, encara a possibilidade de ‘voarmos’ num Uber.
9 Setembro 2018, 17h00

No currículo, Rui Bento tem uma licenciatura em engenharia informática e um MBA tirado na Universidade Berkeley onde, durante dois anos, viu de perto a Silicon Valley. Trabalhou em Londres, na Apple, na área de business development. Em 2014, a Uber desafiou-o a vir liderar a chegada do serviço de chauffeur da empresa em Portugal. Atualmente, ocupa o cargo de diretor-geral do Uber Eats para o Sul da Europa, abarcando os mercados português, espanhol e italiano e será a partir de Portugal que a Uber vai comandar as operações transversais a esses três mercados. Rui Bento falou ao Jornal Económico sobre os primórdios da Uber Portugal, da performance do mercado português e da possibilidade de, no futuro, ‘voar’ num Uber.

Quando e como é que se dá a sua entrada na Uber?

Chego à Uber em 2014 e diria que tem sido uma jornada porque o meu primeiro contacto com a empresa dá-se enquanto utilizador e, desde esse dia, fiquei conquistado. A primeira vez que chamei um Uber estava a trabalhar em Londres, na Apple, e percebi o potencial da aplicação e tornei-me num utilizador fiel e frequente. Passei a ter um carinho pela empresa e comecei a segui-la.

Na altura eu viajava com frequência por razões pessoais e profissionais e chegava de Portugal bastante tarde. [Em Londres], o metro estava fechado, os autocarros tinham poucas rotas ou tinham um caminho longo para chegar a casa. Além disso, não era fácil apanhar um táxi. Foi aí que um amigo me recomendou experimentar a Uber e foi como magia. De um momento para o outro, eu podia puxar o smartphone do bolso, carregar num botão e ter a caminho um motorista que eu podia ver, assim como saber o carro que me vinha buscar. Além disso, bastava colocar o endereço na aplicação e o motorista sabia exactamente onde me deixar. O pagamento era electrónico e essa mudança conquistou-me muito rapidamente. Por isso, passei a usar a Uber regularmente. Por exemplo, quando chegava a uma cidade diferente, fazia exatamente o mesmo processo, evitando assim ter de lidar com um sistema de transportes de outras cidades que não conhecia e ainda me ajudava a ultrapassar barreiras linguísticas para me poder deslocar.

Dito isto, passados alguns meses, depois de umas conversas, fui chamado para me juntar à equipa da Uber, inicialmente para o Reino Unido. Mas depois surgiu a oportunidade de lançar a operação em Portugal e não pensei duas vezes.

Então foi o Rui Bento que lançou a operação da Uber em Portugal?

Na verdade, não. Estas conversas começaram em maio de 2014 e acabei por me juntar à Uber em outubro. A operação portuguesa começou em julho desse ano, com o UberBLACK. Quando me juntei, passámos a ser uma equipa de três pessoas e, numa sala de nove metros quadrados, à volta de uma mesa, tentávamos perceber o que tínhamos que fazer. Enfim, nós tínhamos o destino da Uber em Portugal nas nossas mãos.

Qual é que foi o grande primeiro desafio que surgiu quando lançaram a Uber em Portugal?

Nós lançámos a Uber em Portugal com o UberBLACK que foi o também primeiro serviço a surgir nos Estados Unidos, em São Francisco. Foi o primeiro serviço da Uber. Mas aquilo que era realmente diferenciador e que nos permitiu chegar a muita gente foi o facto de termos uma proposta de valor que permitisse às pessoas fazerem as suas deslocações mais regulares na cidade, e não apenas as deslocações ocasionais. Portanto a nossa intenção, desde o primeiro dia, foi lançar o UberX, o nosso serviço mais económico. E esse foi no nosso primeiro grande desafio, ou seja, era perceber como é que se podia criar um serviço que chegasse a toda a gente. Portanto, criar este mercado e fazer os nossos parceiros perceberem o potencial que teriam ao transitarem para este mercado (da mobilidade), que tinha muito mais escala e a possibilidade de chegar a muito mais gente, foi o primeiro grande desafio em Portugal.

Existe um o consumidor típico português da Uber?

Honestamente, eu acho que não há um consumidor típico português. Eu diria que, no início, os nossos utilizadores eram pessoas que eram mais tech savvy e que gostavam de experimentar coisas novas e novos serviços. Mas depois, com o lançamento do UberX, isso mudou, porque é um que apela a muita gente diferente, desde às pessoas que querem ir para o trabalho, passando pelas pessoas que querem ir jantar ao fim do dia e não querem levar o carro, até àquelas que têm uma reunião de trabalho e têm, assim, uma forma conveniente de se deslocarem. Como o UberX apela a uma grande amplitude de pessoas, desde portugueses a estrangeiros, hoje em dia, é muito difícil traçar um perfil.

Foi essa amplitude de pessoas que vos fez lançar o UberGREEN?

O que nos fez lançar o UberGREEN foi uma combinação de dois fatores. Primeiro, foi a vontade que nós tínhamos de tomar a dianteira em tornar a mobilidade mais sustentável em Portugal. Não existia ainda uma solução de mobilidade 100% elétrica em Portugal e nós tomámos o primeiro passo nesse sentido. A segunda razão foi o feedback que nós tínhamos dos utilizadores. Como já tínhamos parceiros com carros eléctricos, reparámos que as viagens nestes carros tinham, normalmente, avaliações mais altas. Por outras palavras, os utilizadores procuravam e gostavam de andar num carro eléctrico que, para além de ser novidade, torna a viagem mais silenciosa e mais confortável. Isso levou-nos também a querer resolver esta necessidade latente dos consumidores e foi por isso que lançámos o UberGREEN.

Entre estes três serviços, o UberBLACK, UberX e UberGREEN, qual é o mais requisitado?

É sem dúvida nenhuma o UberX por ter uma proposta de valor que é muito positiva para os utilizadores. A par do UberGREEN, é o serviço mais económico, mas é também o que tem o tempo de recolha [de passageiros] mais curto e, portanto, é o que oferece uma viagem mais conveniente. Mas o que tem sido interessante verificar é que UberGREEN tem tido um crescimento muito forte porque, como há cada vez mais carros eléctricos na plataforma, a qualidade da viagem e os tempos de espera dos utilizadores estão a melhorar.

Qual é o orçamento da Uber para as operações em Portugal?

Faz parte da nossa política não revelar esses números. No entanto, podemos revelar que a Uber em Portugal tem tido uma trajetória extremamente positiva desde o início. Na altura, conhecíamos todos os parceiros que estavam ligados à plataforma pelo nome, que conhecíamos pessoalmente. Foi assim até ao momento em que percebi que a Uber, em Portugal, estava a ficar maior que nós (a equipa). Deixámos de conhecer os nossos motoristas todos. Lembro-me perfeitamente do dia em que tive essa realização.

Que dia foi esse?

Foi em 2015, num dia a meio da semana. Já era tarde e chamei um Uber para ir para casa, numa hora em que havia pouco movimento. Assim que o carro chegou, eu entrei pela porta traseira do lado direito mas, ao mesmo tempo, outra pessoa abriu a porta do lado esquerdo. Percebemos logo que um de nós não estava a entrar no carro certo – eu, por acaso, estava a entrar no carro certo. Mas o que me marcou foi que, à mesma hora e no mesmo sítio, estavam duas pessoas a requisitarem o mesmo serviço. Foi aí que percebi que estávamos a crescer na cidade. Hoje temos mais de 6.500 motoristas ativos na plataforma nas cidades portuguesas.

Falemos um pouco do Uber Eats. Na óptica do utilizador, o ridesharing e o serviço de entrega de refeições parecem complementar-se. Mas quais são as diferenças entre os dois?

Ambos têm semelhanças e diferenças. As semelhanças percebem-se por nós termos apostado no Uber Eats. A partir do momento em que conseguimos dar uma óptima experiencia de mobilidade às pessoas, com tempos de deslocação curtos e a custos acessíveis, talvez conseguíssemos fazer o mesmo noutros setores. E desde logo olhámos para o setor de entrega de refeições que, com a nossa tecnologia, poderíamos inovar e desenvolver também. E foi isso esteve na base da expansão da Uber para entrega de refeições. É a base operacional que está muito na base destes dois serviços e que nos permitiu lançar muito rapidamente o Uber Eats.

Aquilo que é diferente entre o ridesharing e o Eats é proposta de valor que acrescentamos aos nossos utilizadores na entrega de refeições. No Uber Eats, a nossa missão é diferente: o que nós queremos é simplificar a descoberta gastronómica e o serviço de entrega de uma forma acessível e rápida, feita à distância de um toque no telefone. É uma ideia muito simples mas que tem um impacto profundo. Ou seja, a partir do momento em que nós conseguimos fazer isto bem, conseguimos fazer com que as pessoas passem a repensar as suas refeições, a repensar a forma como se alimentam, porque agora têm ao seu dispor uma solução que é rápida, económica e diversificada. A tecnologia permite-nos fazer isto e acrescentar valor num setor tão diferente da mobilidade como o da entrega de refeições, sendo que a base essencial advém do mesmo sítio.

Em relação ao modelo de negócio entre os dois serviços, também há diferenças?

O modelo de negócio é muito semelhante. No ridesharing nós ligamos as pessoas que querem deslocar-se a pessoas que estão disponíveis para as transportar. Neste caso, nós ficamos com uma parte do valor da viagem. No Uber Eats nós ligamos pessoas que querem uma refeição tanto a restaurantes como aos parceiros de entrega. Aqui, ficamos com uma parte do valor da refeição que é entregue. Quem nos paga são os restaurantes. Quanto ao valor de entrega da refeição, consiste num valor separado que tem como objectivo renumerar quem faz a entrega.

Como são as margens nos dois negócios?

É um tema sensível e varia muito de mercado para mercado. Mas posso dizer que ambos têm margens muito saudáveis.

Que crescimento prevê para o Uber Eats?

Em Portugal estamos a ter um crescimento muito significativo, mas é difícil dar um valor anual porque lançámos a operação há menos de um ano. Mas eu diria que as taxas de crescimento são muito acentuadas. Aliás, Lisboa foi uma das cidades que mais cresceu em toda a europa desde que o Uber Eats foi lançado. A rapidez do crescimento do número de entregas na cidade de Lisboa ultrapassa a velocidade de crescimento de qualquer outra cidade na Europa, o que demonstra que, de facto, há um ‘apetite’ por este serviço. Estamos significativamente acima do forecast.

Neste momento, quantas parcerias em Portugal têm com restaurantes?

Em Portugal temos cerca de 700 parcerias com restaurantes em Lisboa e no Porto. No entanto, é um número que vamos aumentar porque nós queremos dar uma maior e mais vasta seleção de restaurantes aos nossos utilizadores. Assim, em Lisboa estamos a expandir para mais áreas, e o mesmo acontece no Porto. Além disso, temos mais restaurantes a quererem trabalhar e a continuarem [as relações comerciais já estabelecidas] connosco. Setecentos é o número que temos, mas seguramente o número vai crescer nos próximos meses.

E quantos estafetas têm?

Não divulgamos ainda.

O Uber Eats estabelece parcerias com restaurantes. Nessas relações comerciais, quem é que está refém de quem?

Eu acho que ninguém está refém de ninguém porque se tratam de parcerias que trazem benefícios mútuos. Ou seja, necessitamos dos restaurantes enquanto negócio e, a partir do momento em que queremos dar às pessoas uma escolha vasta na restauração, queremos estabelecer parceria com os melhores restaurantes. Portanto, para isto acontecer, as parcerias têm que ter benefícios mútuos porque, caso contrário, não são duradouras.

Também é fundamental conseguirmos acrescentar valor aos restaurantes para que as parcerias se mantenham. Felizmente, o grau de satisfação dos restaurantes, ao trabalharem connosco, é positivo. Isso significa que, [com a nossa colaboração], os restaurantes conseguem ter acesso a oportunidades de negocio importantes. Ou seja, conseguem servir mais pessoas para além das suas salas, chegam a mais pessoas e a mais zonas na cidade, expandindo o seu negócio sem estarem restritos nem constrangidos pelo tamanho das suas salas de refeições.

Mas o Uber Eats não está, de certa forma, refém da qualidade dos restaurantes?

Eu diria que não. Enquanto plataforma, isto é, enquanto ligação entre pessoas e restaurantes, nós criamos um incentivo muito interessante para os restaurantes darem um serviço de qualidade e entregarem um produto de qualidade às pessoas. Afinal, são as pessoas que escolhem a refeição que querem. Os restaurantes percebem que, para conquistarem utilizadores, precisam de lhes proporcionar um bom serviço.

Em relação ao futuro próximo do Uber Eats, já definiram as próximas cidades portuguesas a terem este serviço?

Nós temos definido o objectivo de querermos chegar a mais pessoas em Portugal. A nossa visão é expandirmo-nos, tal como fizemos no ridesharing que lançámos em Lisboa, em julho de 2014, e em dezembro chegámos ao Porto; mais tarde, em 2016, chegámos ao Algarve, depois expandimo-nos para Braga e Guimarães. Portanto existe um plano de expansão. Atualmente, com o ridesharing, conseguimos servir mais de metade da população portuguesa com o nosso serviço. Ou seja, mais de metade das pessoas em Portugal têm acesso a um Uber em menos de cinco minutos.

No que diz respeito ao Uber Eats também partilhamos esta visão, ou seja, queremos levar os benefícios do serviço da entrega de refeições a mais pessoas em Portugal. Estamos ativamente a expandir a nossa presença nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. Por exemplo, já chegamos a Oeiras, Cascais, Odivelas, Loures. No futuro próximo iremos com certeza considerar outras cidades e municípios em Portugal.

Quais são os critérios de seleção que presidem à escolha de uma cidade quando decidem expandir?

O critério de seleção mais simples é a procura latente, que é o que nós utilizamos também quando expandimos o ridesharing. Nós conseguimos saber quais cidades com o maior número de pessoas que abrem a aplicação para chamarem um Uber mas cujo serviço ainda não está disponível naquela cidade. Foi esse tipo de informação que serviu de base à expansão do ridesharing em Portugal e foi por isso que decidimos expandir para o Algarve e para Braga porque tínhamos um volume muito significativo de pessoas que abriam a aplicação na esperança de terem um Uber disponível.

Com o Uber Eats sentimos a mesma coisa, sobretudo nos últimos meses. O volume de downloads da aplicação tem sido muito elevado e temos cada vez mais pessoas a abrirem a aplicação do Uber Eats fora das zonas que servimos. Esse é o principal critério para decidir para onde vamos expandir.

Qual é o investimento necessário para expandir o serviço do Uber Eats em Portugal?

Há dois tipos de investimentos. Existe o investimento na vertente operacional, através do qual garantimos que oferecemos a melhor experiência possível aos utilizadores e aos restaurantes de determinado sítio.

Mas também existe um investimento nas pessoas, ou seja, com o Uber Eats, nós temos uma abordagem muito local aos nossos negócios porque queremos conhecer os restaurantes com quem trabalhamos onde quer que estejamos em Portugal. Queremos estar com eles não apenas quando começamos a trabalhar juntos, mas também à medida que desenvolvemos estas parcerias. Para isso, estabelecemos equipas locais que, acima de tudo, acompanham esta relação e ajudam-nos a expandir o Uber Eats.

Portanto eu diria que, para além do investimento em tecnologia, em engenharia, no desenvolvimento de aplicação, que é muito centralizado em todo o mundo, há também este investimento local porque, porque a nossa operação é ela também muito local.

Haverá espaço para o Uber Eats e para os concorrentes no mercado português que, comparando com outros mercados, é bastante mais pequeno?

Eu creio que há espaço para todos. Olhando para o ridesharing, a Uber também não esta sozinha e existem vários operadores de mobilidade, tanto em transporte de veículo descaracterizado, como noutras formas de mobilidade. Mas aqui o que é realmente importante é servimos as pessoas e damos-lhes uma alternativa ao carro próprio e, em conjunto, conseguimos ecossistema de mobilidade que permite às pessoas deslocarem-se de forma simples e económica, que deixam o carro próprio em casa ou, no limite, deixam de ter carro próprio.

No caso do Uber Eats, eu diria que a questão é muito semelhante. Hoje em dia, a entrega de refeições ainda não é a fatia maioritária daquilo que é o negócio da restauração, uma vez que a maioria das pessoas não come sempre com recurso à entrega. Mas vemos que é um segmento que está a crescer e vemos que responde às necessidades de alimentação das pessoas. Portanto, há aqui um potencial bastante significativo; até mesmo em Portugal que, em termos de população, não é um mercado muito grande, mas é muito popular porque as pessoas procuram estes serviços e acaba por fazê-las repensar a forma como se alimentam.

O que distingue o Uber Eats dos seus concorrentes?

Não posso falar pelos nossos concorrentes, mas com o Uber Eats, em particular, nós queremos propor a melhor proposta de valor possível aos nossos utilizadores. Portanto, abarcamos tanto as pessoas que pedem uma refeição, como os restaurantes e os parceiros de entrega.

Mas quando fala em proposta de valor, fala em preço?

Falo em tudo. O preço é claramente um fator importante, mas a escolha de restaurantes às quais as pessoas têm acesso, a diversidade de cozinha e de preços, também é um fator importante. Aquilo que nós queremos é proporcionar todas as opções que permitam responder a todas as necessidades. Para isso, sabemos que temos de oferecer uma excelente selecção gastronómica. E sabemos também que temos de ter um excelente serviço de entrega e, nesse ponto, a tecnologia é fundamental, como também o são a rapidez e a comodidade do próprio serviço de entrega.

Na comunicação social têm surgido notícias sobre a renumeração baixa e das condições de trabalho dos diferentes serviços de entrega de refeições, como o Uber Eats. Isso é um tema que vos preocupa?

Eu não falaria em preocupação mas sim em prioridade. Uma das prioridades no Uber Eats é garantir oportunidades económicas, estáveis e flexíveis aos parceiros de entrega. Quando alguém se junta à plataforma do Uber Eats para fazer entregas, o que nós queremos é que tenha acesso a uma oportunidade atrativa. Essa é uma das nossas prioridades porque os nossos parceiros de entrega são uma parte fundamental do nosso negócio. Portanto, nós sabemos que, a partir do momento em que não temos uma proposta de valor interessante para eles, os nossos parceiros deixam de ficar satisfeitos em trabalharem connosco e rapidamente deixamos de ter entregas nas cidades onde estamos. Por isso temos todo o interesse em garantir que eles estão satisfeitos connosco. Isto inclui os rendimentos aos quais têm acesso. E vamos continuar a trabalhar para tornar esta oportunidade ainda mais interessante para os nossos parceiros de entrega, quer nas cidades portuguesas, quer em todo o mundo.

Mas que tipo de benefícios é que vocês estão a pensar dar aos vossos parceiros de entrega?

Os nossos parceiros de entrega procuram-nos porque querem ter acesso a oportunidades económicas interessantes e flexíveis. Eles é que decidem quando é que trabalham e durante quanto tempo; basta ligarem-se à e desligarem-se dela. Além disso, trabalhámos com a AXA à escala global para lançarmos um conjunto de benefícios que responde a um conjunto de pedidos dos nossos parceiros de entrega que sabemos que eles valorizam. Por exemplo, seguros contra acidentes, licença de paternidade ou baixas. Aquilo que fizemos foi criar um pacote que satisfizesse os nossos parceiros de entrega, tendo acesso ao seguro de forma gratuita. Sabemos que eles valorizam isso. E vamos continuar a trabalhar.

A ‘lei da Uber’ vai entrar em vigor brevemente. Como encara a lei?

Esta lei representa é um passo fundamental para o desenvolvimento da mobilidade nas cidades portuguesas. A partir do momento em que se decide regular e enquadrar modelos de negócio baseados em tecnologia e que são inovadores, está a dar-se um passo muito importante para que a mobilidade se possa continuar a desenvolver em Portugal. E acima de tudo é um passo que permite trazer transparência e estabilidade, que são muito importantes para a nossa comunidade de parceiros e motoristas, que não tinham até agora.

Fala-se muito na diversidade dos serviços da Uber. Haverá alguma novidade em Portugal?

A Uber está a utilizar e a expandir a sua tecnologia para servir cada vez mais setores de atividade. Começámos com o ridesharing, que continua a ser o nosso core business, e depois fizemos a expansão para o Uber Eats. Agora, começámos a olhar para outras áreas. Por exemplo, o Uber Freight (que liga um transportador de mercadorias a produtos que têm que ser transportados), ou o Uber Air, no qual estamos a estudar a possibilidade de fazer viagens em veículos autónomos com recurso a descolagem e aterragem verticais. Neste último caso, vamos fazer testes-piloto operacionais em 2020, no Dubai e em Dallas. Também estamos a olhar para os mais recentes serviços de mobilidade integrada, como demonstra a nossa aquisição da Jump, que é um sistema de bikesharing que lançámos nos EUA e também anunciámos na Alemanha. Nós queremos ser uma plataforma que permite responder a um conjunto de necessidades de mobilidade dos nossos utilizadores.

Poderá Portugal ser um teste para esses novos serviços?

Eu não quero especular mas estou convencidíssimo que conseguiremos lançar e trazer mais serviços para Portugal e servir o público português de outras formas. Não sei se teremos um teste-piloto, mas no futuro iremos trazer mais serviços a Portugal.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.